terça-feira, 15 de outubro de 2013

Pela Educação.



Boa noite gente. Foto fresquinha, de hoje na manifestação.
Hoje, dia do professor. Um dia sem motivos pra comemora e com MIL motivos pra lutar.

Pela manhã fotos pra formatura no Aterro do Flamengo. A tarde almoço com as melhores amigas do mundo no melhor restaurante, Outback. *-* Com direito a trazer aquela caneca linda pra casa e um porta copos :P
A noite centro da cidade com a Arlanza manifestando pela Educação.
Foi tudo bem tranquilo e bem bonito. Quando chegamos a Cinelândia eu forcei a barra pra gente vim embora. Era a hora tensa, o momento que pra qualquer saída que olhávamos tinha os PM's, a tropa de choque bloqueando tudo e esperando pra atacar.
Viemos embora e quando cheguei em casa tinha acontecido o que eu esperava, agressões e mais agressões.
Banho, net e já já cama. Antes aquele texto prometido. A minha reflexão.
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Dia do professor? Dia de professar.
Hoje eu estive junto com um o povo, que dizem ser acomodado e sem educação, nas ruas. Sedentos por respeito a Educação, cantamos e caminhamos juntos. Alguns até apanharam por isso.
Estive no centro da cidade do Rio de janeiro hoje, na manifestação pela Educação brasileira. E vi de perto que ainda há pelo que lutar, com quem lutar e por que vale a pena lutar.
Eu vi muita gente que ainda acredita e reconhece o professor como gente. Que não coloca no professor a responsabilidade de redentor da nação, mas que acredita que sem ele e sem seu ofício pouco avançaremos.
Eu gostaria de estar escrevendo esse texto sob a ótica de quem também esteve presente na manifestação do dia 07 de outubro no centro da cidade. Mas INFELIZMENTE por vários motivos não o fiz.
Mas penso que a experiência de hoje contribuiu o suficiente para eu refletir e interiorizar ainda mais a Educação. No Brasil, no mundo e em mim.
Primeiro quero dizer que não entendo essas manifestações como apoio a ‘Greve dos Professores’. Entendo que a educação está em crise, e mediante a isso os profissionais da Educação estão em luta, desde as merendeiras, até os inspetores. É uma Greve da Educação, dos Profissionais da Educação.
A defesa da Educação não é dever só do professor. A educação pública de qualidade é um direito. E a luta pelos direitos é, ou deveria ser, de todos os cidadãos.
Não podemos achar que essa crise aflige só a educação básica. Nossas escolas, creches e universidades estão em estado de calamidade. Nos falta professores e os que temos ganham mal. Nos falta capacidade de atender mais alunos, e os que temos não atendemos com competência, com eficiência. Precisamos educar melhor. E temos que entender que, se hoje quem apanha é o professor da educação básica, e nós não fizermos nada. Amanhã apanhará o professor da universidade. 
Ao mestre nada de carinho. Ao mestre RESPEITO e reconhecimento.
Professores e muitos outros profissionais da educação estão apanhando, sendo espancados, sendo humilhados, cheirando gás de pimenta por todos nós, como país. Por nossas crianças, pelos filhos dos que não podem pagar pela educação. Por mim, aluna de escola pública por toda minha vida e aluna de uma Universidade pública e por toda a Educação.
Eu tô muito orgulhosa pelos profissionais da educação, muito mesmo. Não só como professora/pedagoga por formação, mas como brasileira. E fui indignada, no sentido de ter minha dignidade roubada, pelo Governador.
Estamos vivendo um momento importantíssimo de transição. O colapso da representação política junto com a insatisfação e a indignação tornou-se insuportável. Desaguando protestos em prol de serviços públicos de qualidade e direitos assegurados.
Como eu já disse antes, as coisas estão mudando ainda lentamente, contudo ainda mais rápido do que o de costume. E mesmo com toda precariedade, foi a nossa democracia capenga que possibilitou esse momento.
Penso que estamos colhendo os frutos das manifestações de junho e julho, e um bom fruto está sendo essa que é uma das maiores greves da educação no Rio. E a mídia demorou pra mostrar isso nos meios de comunicação de massa. Mas mesmo demorando, ouso dizer que já foram muitas conquistas, umas delas a mudança de posicionamento e a forma de exploração dessas mesmas mídias. Ainda nos subestimam sim, mas agora sem tanta certeza de que reagiremos conforme o esperando. Agora as lentes que transmitem a notícia pra TV olham para as ruas com um pouco, bem pouco, de respeito e cautela.
Democratização da comunicação ainda é algo que me parece distante, mas só de estar sendo discutido com mais afinco já é algo a ser comemorado. Não queremos mais uma mídia de massa que produza massa de meios.
E junto com todo esse turbilhão de coisas, estamos vivenciando uma séria tentativa de criminalização dos movimentos sociais. Protestar não é crime. Manifestar-se não é errado. É simples entender isso, e é perigoso também.
Manifestante não é inimigo. E quem produz o ‘manifestante inimigo’ não é a polícia, a polícia é treinada para combater os inimigos. Mas quem os inventa são os governantes. Não precisamos de uma comissão de enfrentamento a vândalos. Precisamos de voz.
No início da implementação das Unidades de Polícia Pacificadoras do Rio de Janeiro eu comemorei, e as vi com bons olhos esperançosos. Hoje as questiono. Embora ainda exista a ignorância de acreditar que quem fala mal das UPP’s tá do lado do tráfico, penso que elas tentam, fracassadamente, promover uma paz armada, uma paz sem voz. E paz sem voz, não é paz, é medo.
Penso que as UPP’s são mecanismos de conter uma parcela da população do Rio dentro das comunidades, para que outra parcela, burguesa, desfrute de todo restante a cidade. UPP é um instrumento importante da nossa ditadura civil, essa ditadura que some com Amarildos. Que some com negros, favelados e pobres. Esse é um assunto que traz à tona uma discussão muito preciosa e necessária para todo o Brasil, para o mundo todo. A discussão sobre os Direitos Humanos. Um debate que eu entendo que precisa de enfrentamento baseado na paciência, mas que PRECISA ser enfrentado.
Os Direitos Humanos são fundamentados na função de proteger a vida, a saúde e a dignidade das pessoas. Pessoas.
Eu sou uma pessoa, você é uma pessoa, o Amarildo era uma pessoa, os políticos são pessoas, os negros, judeus, gays, brancos, índios, desempregados, traficantes, ricos, pobres... Todos são pessoas, todas são gente. E todos têm direitos. O fato de alguém ser traficante ou ladrão não o torna menos gente que eu. O fato de alguém ser criminoso não deve definir se essa pessoa deve morrer ou não. Uma pessoa, seja ela o que for, não pode sumir através das mãos de policiais. Nenhuma pessoa pode simplesmente sumir.
Não deveríamos pensar que o Amarildo deve ser encontrado por que ele era trabalhador. Deveríamos pensar que o Amarildo não deveria ter sumido porque ele é gente, deveríamos pensar que qualquer um de nós, como gente, poderia estar no lugar dele. Nós poderíamos ser o Amarildo, a nossa família poderia ser a família dele.
Não deveríamos ter motivos pra desconfiar nem sentir medo da polícia. Os professores não deveriam apanhar, ninguém deveria apanhar. E seria bom ter motivo pra respeitar os governantes.
A violência que o Estado, e qualquer sujeito que O represente, sofre da população é uma devolução. O Estado nos violenta todos os dias, de diversas formas. Queremos falar e mostrar pra todos que do jeito que tá não dá pra ficar.
E mais uma vez eu vou abusar do meu defeito de ser repetitiva e desejar outra vez para o Brasil uma coisa chamada MEMÓRIA, não só pra se lembrar desse monte de coisas quando for às urnas votar.
O voto é uma poderosa arma, mas sem nenhuma outra luta ele vale pouco. Desejo memória pra que nós, como Brasil, possamos lembrar pra cobrar mesmo depois que os votos forem computados.
Desejo memória pra não só lembrar-se do Dia dos Professores como uma data comemorativa. Mas que seja também uma data pra irmos as ruas professar.
Professar no sentido de reconhecer publicamente, confessar, preconizar, ter a convicção de que ensinar é coisa séria e merece MUITO respeito.
Que essa memória seja pra lembrar-se dos que lecionaram pra nós, marcaram nossas vidas... Lembrar com muito respeito e solidariedade dos que tem o poder de influenciar gerações inteiras. Que ensinemos, como professores, na pratica a cidadania.
Que nos coloquemos no lugar desses profissionais tão nobres e tenhamos empatia por essa luta que é, ou deveria ser, de todos!
E por hora o meu desejo imediato é que esse dia seja comemorado numa movimentação linda e constante, de mudança. Quando vierem as bombas, que não se abaixem os cartazes.

FORA CABRAL, vá com PAES.
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Boa noite.
Bj* e um sorriso

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