Boa noite gente. Foto fresquinha, de hoje na manifestação.
Hoje, dia do professor. Um dia sem motivos pra comemora e com MIL motivos pra lutar.
Pela manhã fotos pra formatura no Aterro do Flamengo. A tarde almoço com as melhores amigas do mundo no melhor restaurante, Outback. *-* Com direito a trazer aquela caneca linda pra casa e um porta copos :P
A noite centro da cidade com a Arlanza manifestando pela Educação.
Foi tudo bem tranquilo e bem bonito. Quando chegamos a Cinelândia eu forcei a barra pra gente vim embora. Era a hora tensa, o momento que pra qualquer saída que olhávamos tinha os PM's, a tropa de choque bloqueando tudo e esperando pra atacar.
Viemos embora e quando cheguei em casa tinha acontecido o que eu esperava, agressões e mais agressões.
Banho, net e já já cama. Antes aquele texto prometido. A minha reflexão.
.
Dia do
professor? Dia de professar.
Hoje eu
estive junto com um o povo, que dizem ser acomodado e sem educação, nas ruas.
Sedentos por respeito a Educação, cantamos e caminhamos juntos. Alguns até
apanharam por isso.
Estive no
centro da cidade do Rio de janeiro hoje, na manifestação pela Educação
brasileira. E vi de perto que ainda há pelo que lutar, com quem lutar e por que
vale a pena lutar.
Eu vi
muita gente que ainda acredita e reconhece o professor como gente. Que não
coloca no professor a responsabilidade de redentor da nação, mas que acredita
que sem ele e sem seu ofício pouco avançaremos.
Eu
gostaria de estar escrevendo esse texto sob a ótica de quem também esteve
presente na manifestação do dia 07 de outubro no centro da cidade. Mas
INFELIZMENTE por vários motivos não o fiz.
Mas
penso que a experiência de hoje contribuiu o suficiente para eu refletir e
interiorizar ainda mais a Educação. No Brasil, no mundo e em mim.
Primeiro
quero dizer que não entendo essas manifestações como apoio a ‘Greve dos
Professores’. Entendo que a educação está em crise, e mediante a isso os
profissionais da Educação estão em luta, desde as merendeiras, até os
inspetores. É uma Greve da Educação, dos Profissionais da Educação.
A
defesa da Educação não é dever só do professor. A educação pública de qualidade
é um direito. E a luta pelos direitos é, ou deveria ser, de todos os cidadãos.
Não
podemos achar que essa crise aflige só a educação básica. Nossas escolas,
creches e universidades estão em estado de calamidade. Nos falta professores e
os que temos ganham mal. Nos falta capacidade de atender mais alunos, e os que
temos não atendemos com competência, com eficiência. Precisamos educar melhor.
E temos que entender que, se hoje quem apanha é o professor da educação básica,
e nós não fizermos nada. Amanhã apanhará o professor da universidade.
Ao
mestre nada de carinho. Ao mestre RESPEITO e reconhecimento.
Professores
e muitos outros profissionais da educação estão apanhando, sendo espancados,
sendo humilhados, cheirando gás de pimenta por todos nós, como país. Por nossas
crianças, pelos filhos dos que não podem pagar pela educação. Por mim, aluna de
escola pública por toda minha vida e aluna de uma Universidade pública e por
toda a Educação.
Eu tô
muito orgulhosa pelos profissionais da educação, muito mesmo. Não só como
professora/pedagoga por formação, mas como brasileira. E fui indignada, no
sentido de ter minha dignidade roubada, pelo Governador.
Estamos
vivendo um momento importantíssimo de transição. O colapso da representação
política junto com a insatisfação e a indignação tornou-se insuportável.
Desaguando protestos em prol de serviços públicos de qualidade e direitos
assegurados.
Como eu
já disse antes, as coisas estão mudando ainda lentamente, contudo ainda mais
rápido do que o de costume. E mesmo com toda precariedade, foi a nossa
democracia capenga que possibilitou esse momento.
Penso
que estamos colhendo os frutos das manifestações de junho e julho, e um bom
fruto está sendo essa que é uma das maiores greves da educação no Rio. E a
mídia demorou pra mostrar isso nos meios de comunicação de massa. Mas mesmo
demorando, ouso dizer que já foram muitas conquistas, umas delas a mudança de
posicionamento e a forma de exploração dessas mesmas mídias. Ainda nos
subestimam sim, mas agora sem tanta certeza de que reagiremos conforme o
esperando. Agora as lentes que transmitem a notícia pra TV olham para as ruas
com um pouco, bem pouco, de respeito e cautela.
Democratização
da comunicação ainda é algo que me parece distante, mas só de estar sendo
discutido com mais afinco já é algo a ser comemorado. Não queremos mais uma
mídia de massa que produza massa de meios.
E junto
com todo esse turbilhão de coisas, estamos vivenciando uma séria tentativa de
criminalização dos movimentos sociais. Protestar não é crime. Manifestar-se não
é errado. É simples entender isso, e é perigoso também.
Manifestante
não é inimigo. E quem produz o ‘manifestante inimigo’ não é a polícia, a
polícia é treinada para combater os inimigos. Mas quem os inventa são os
governantes. Não precisamos de uma comissão de enfrentamento a vândalos.
Precisamos de voz.
No
início da implementação das Unidades de Polícia Pacificadoras do Rio de Janeiro
eu comemorei, e as vi com bons olhos esperançosos. Hoje as questiono. Embora
ainda exista a ignorância de acreditar que quem fala mal das UPP’s tá do lado
do tráfico, penso que elas tentam, fracassadamente, promover uma paz armada,
uma paz sem voz. E paz sem voz, não é paz, é medo.
Penso
que as UPP’s são mecanismos de conter uma parcela da população do Rio dentro
das comunidades, para que outra parcela, burguesa, desfrute de todo restante a
cidade. UPP é um instrumento importante da nossa ditadura civil, essa ditadura
que some com Amarildos. Que some com negros, favelados e pobres. Esse é um
assunto que traz à tona uma discussão muito preciosa e necessária para todo o
Brasil, para o mundo todo. A discussão sobre os Direitos Humanos. Um debate que
eu entendo que precisa de enfrentamento baseado na paciência, mas que PRECISA
ser enfrentado.
Os
Direitos Humanos são fundamentados na função de proteger a vida, a saúde e a
dignidade das pessoas. Pessoas.
Eu sou
uma pessoa, você é uma pessoa, o Amarildo era uma pessoa, os políticos são
pessoas, os negros, judeus, gays, brancos, índios, desempregados, traficantes,
ricos, pobres... Todos são pessoas, todas são gente. E todos têm direitos. O
fato de alguém ser traficante ou ladrão não o torna menos gente que eu. O fato
de alguém ser criminoso não deve definir se essa pessoa deve morrer ou não. Uma
pessoa, seja ela o que for, não pode sumir através das mãos de policiais.
Nenhuma pessoa pode simplesmente sumir.
Não
deveríamos pensar que o Amarildo deve ser encontrado por que ele era
trabalhador. Deveríamos pensar que o Amarildo não deveria ter sumido porque ele
é gente, deveríamos pensar que qualquer um de nós, como gente, poderia estar no
lugar dele. Nós poderíamos ser o Amarildo, a nossa família poderia ser a
família dele.
Não
deveríamos ter motivos pra desconfiar nem sentir medo da polícia. Os professores
não deveriam apanhar, ninguém deveria apanhar. E seria bom ter motivo pra
respeitar os governantes.
A
violência que o Estado, e qualquer sujeito que O represente, sofre da população
é uma devolução. O Estado nos violenta todos os dias, de diversas formas. Queremos
falar e mostrar pra todos que do jeito que tá não dá pra ficar.
E mais
uma vez eu vou abusar do meu defeito de ser repetitiva e desejar outra vez para
o Brasil uma coisa chamada MEMÓRIA, não só pra se lembrar desse monte de coisas
quando for às urnas votar.
O voto
é uma poderosa arma, mas sem nenhuma outra luta ele vale pouco. Desejo memória
pra que nós, como Brasil, possamos lembrar pra cobrar mesmo depois que os votos
forem computados.
Desejo
memória pra não só lembrar-se do Dia dos Professores como uma data
comemorativa. Mas que seja também uma data pra irmos as ruas professar.
Professar
no sentido de reconhecer publicamente, confessar, preconizar, ter a convicção
de que ensinar é coisa séria e merece MUITO respeito.
Que
essa memória seja pra lembrar-se dos que lecionaram pra nós, marcaram nossas
vidas... Lembrar com muito respeito e solidariedade dos que tem o poder de
influenciar gerações inteiras. Que ensinemos, como professores, na pratica a
cidadania.
Que nos
coloquemos no lugar desses profissionais tão nobres e tenhamos empatia por essa
luta que é, ou deveria ser, de todos!
E por
hora o meu desejo imediato é que esse dia seja comemorado numa movimentação
linda e constante, de mudança. Quando vierem as bombas, que não se abaixem os
cartazes.
FORA
CABRAL, vá com PAES.
.
Boa noite.
Bj* e um sorriso
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