segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Eu não me acostumo!



Boa noite?
Como boa noite.. Tem gente preta morrendo todo dia e toda hora. Não tá bom não!

Essa foto foi clicada por mim, dia desses indo pra Fundão, a caminho da faculdade. É cena cotidiana, coisa que vejo todo dia. Criança no sinal, e PM com bico de fuzil pronto pra matar. 
Presa em potencial. Menino e policial. Preto contra preto. Pretos presos a um miserável poder.
A cara do PM, com olhos que já fuzilam o menino. Nojo!
Eu vejo isso todo dia gente, e todo dia dói! Eu não me acostumo.
Hoje eu vou falar do que eu falo sempre, do que todo mundo no fundo sabe e do que todo mundo no fundo nega. Ser preto é motivo pra ser morto! Ser preto é crime fatal!

Sábado, dia 28, cinco irmãos de cor, cinco jovens, cinco alunos, cinco filhos, cinco pessoas foram mortas! Motivo? Cor da pele! Eram negros. Foi esse o motivo da morte deles!
Cinco futuros abortados. Cinco perdas. Mais cinco de milhares de nós.
Genocídio povo preto.
DÓI! Dói muito!
Poderia ser eu, poderia ser meu pai, poderia ser meus primos, poderia MUITO!

Famoso é vitima de racismo e ganha campanha nas redes, ganha manchete de jornal, ganha horário na TV.. E preto pobre ganha o que? Cadê as celebridades e políticos pretos desse país fazendo barulho em justiça e solidariedade a esses meninos? Cadê todo mundo?


Pra terminar a postagem eu vou deixar um texto maravilhoso da igualmente maravilhosa Stefania Wolf aqui:
"Quando foi executado com cinquenta tiros, Roberto Penha no auge dos seus dezesseis anos de rapaz pobre e preto comemorava seu primeiro trabalho. Seus amigos Carlos, Cleiton, Wilton e Wesley, já trabalhadores, igualmente pobres e igualmente pretos, dividiram a alegria e as balas.
Eles tinham muito o que comemorar. Na lógica perversa do sistema, preto pobre ou é trabalhador ou é cadáver. Na prática, frequentemente os dois. "Ele era trabalhador", dizem família e amigos inconsoláveis. "Sou trabalhador", dizem os milhares de jovens que cotidianamente tentam escapar da brutalidade da polícia.
Da polícia. A PM brasileira, essa instituição que há duzentos anos foi criada para sem pudores defender as propriedades contra "gente de cor"; essa instituição que sem coincidência alguma surgiu na esteira da revolução haitiana, daquela gente preta e escrava que tomou pra si o espaço que já era há tanto tempo ocupado por eles. Essa instituição que hoje, bem sucedida, coloca a seus brutais serviços o mesmo homem preto e pobre, coloca como trabalhador. E como capitão do mato. Trabalhador e cadáver. Descartável.
E assim morrem o trabalhador, o bandido, o subversivo, o capitão do mato. Morrem em nome do status quo. Essas palavras esquisitas, que ninguém contou pros mortos o que significa."

PM racista! PM assassina! 

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