sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

:'(


Boa noite. Essa foto é de uma pessoa que eu amo muito, uma pessoa muito boa, uma pessoa que nunca cultivou nenhum inimigo, uma pessoa muito alegre, feliz, solidária engraçada. Um ótimo pai, um ótimo filho, um ótimo amigo. Uma pessoa que tem uma família muito bonita, uma pessoa muito generosa e principalmente uma pessoa que nunca vamos entender ter sido tira de nós tão cedo.
O Renatinho faleceu na terça feira, de manhã. Depois de um acidente de carro com os amigos no dia 01 de dezembro. Ele estava em coma induzido, nos ultimo dias apresentou febre e eu não sei exatamente a causa da morte dele.
Eu fui visita-lo no hospital duas vezes, embora não tenha o visto estive com a família e me senti parte deles. Me comunicava com a mãe dele por telefone e acompanhei todas as melhoras e pioras.Acreditei, sinceramente, que ele ia sair dessa.
Na terça feira eu fui a faculdade e depois fui a Campo Grande. Recebi uma ligação do Bahia e logo depois liguei pra mãe dele. Quando ela atendeu pediu que eu retornasse depois porque ela estava conversando com a assistente social. Quando liguei depois, pelo que recebi ela tinha acabado de receber a notícia. Foi terrível, desesperador. Ela gritava no telefone pedindo ajuda, pedindo que eu fizesse com que alguém deixasse ela ver o filho dela e eu não quis entender exatamente o que tinha acontecido. Ela pediu que eu comunicasse aos amigos e que eu fosse para o hospital encontra-la. Eu não consegui. Eu me desesperei, eu não quis entender, eu só conseguia me lembrar dele sorrindo pra mim, sempre brincando comigo, sempre MUITO carinhoso. Eu não consegui... Eu só liguei pro Denys e pro Fernando. E vim pra casa. Eu simplesmente não sei como eu cheguei em casa, não sei MESMO.
Quando cheguei Fernando e Dani, amiga do Fernando, estavam aqui em casa me esperando. Eles iam me levar junto com eles pro hospital. Eu não fui, eu não tinha estrutura pra isso. Depois fiquei me sentindo mal, pela mãe dele ter me chamado tanto. Pelo desespero dela ter me chamado. Fui a Campo Grande e depois voltei pra casa. O velório estava acontecendo e eu me senti na obrigação de ir, primeiro pela mãe dele, e depois porque se eu não fosse no velório eu simplesmente não iria me despedir. Já que o enterro acontecer na quarta, dia da minha formatura. Liguei pro Denys e perguntei se ele podia me aguardar lá no velório. A primeira coisa que ele me disse é que a menina que ele estava ficando estava com ele estava lá também. Mas não teve problema, quem tem família tem tudo. Fomos eu, meu ai, minha mãe e minha irmã. Quando cheguei fui consolada pelos amigos do Sarah, o Jhony, o Bahia, o Wesley... Eu e minha família fomos logo cumprimentar a mãe dele. Um “lixo” humano, no sentido mais piedoso da palavra. Uma pessoa completamente entregue a tristeza, uma pessoa completamente arrasada. Uma grande dor. Só dor.
Eu nunca tinha ido a um velório, eu nunca tinha visto um cadáver. Foi pior. Não foi um cadáver, foi o meu amigo. Foi HORRÍVEL. Eu não conseguia parar de chorar e falar alto. Eu não conseguia acreditar. Ainda não credito completamente.
Estive com a tia dele e o irmão. O Rodrigo estava surpreendentemente forte e centrado. Ele foi minha maior surpresa, ele foi um senhor irmão. Eu nunca imaginei o irmão do Renatinho da forma que ele se mostrou no velório. Uma pessoa serena, sem lágrimas e com a voz calma. Com um quase meio sorriso, abraço forte e um consolador. Conversou com meus pais e disse que o irmão dele não suportaria nenhuma sequela. E disse “vida que segue”.
Admirável. ADMIRÁVEL .
Graças a Deus eu não vi o Denys. Mas parecia que eu podia ler a mente dos nossos amigos quando me viram “Denys acabou de sair daqui com outra”.
A vinda pra casa foi ainda mais dolorosa. Eu só pensava que era a última vez que eu estava vendo meu amigo. Amigo demais.
Chegando em casa eu apaguei literalmente, me senti desmaiada na cama, querendo pedir alguma coisa a Deus, mas não consegui.
A frase do meu dia de terça feira foi: NÃO CONSEGUI. Não consegui fazer o que a mãe do Renato me pediu; Não me controlar; Não consegui entender; Não consegui aceitar; Não se quer pronunciar o que tinha acontecido.
Na quarta feira acordei muito cedo. Fui pra faculdade e de lá fui pro curso. Foi a minha formatura, o meu desfile de formatura. Cheguei, segundo meus colegas com a pior cara do mundo. Arrumei o que era necessário, e esperei minha modelo que se atrasou muito. Deu tudo certo. Teve um pouco de atraso, mas foi esse atraso que permitiu que minha família e meus amigos conseguissem ver tudo, desde o início. Foram todos aqui de casa, meu cunhado, minha prima Bárbara e meus grandes amigos Jéssica e José Paulo. Eles me deixaram muito, MUITO feliz com a presença deles. Mas eu não sei se felicidade é a palavra certa para o que eu estava sentindo. Eu estava sim feliz pela presença deles, mas estava tudo misturado dentro de mim. Eu não estava completamente feliz. Eu estava muito longe de estar completamente feliz. Eu estava alegre, aliviada, com a sensação de dever cumprido e me sentindo capaz. Mas feliz, eu não sei.
Eu fui homenageada como a aluna com melhor nota. Fiquei feliz, mas sinceramente eu não dei muita importância pra isso. O Higor e a Bia também foram premiados. E a eles sim, eu dei a maior importância. Eles mereceram MUITO, muito mesmo! Me senti orgulho por mim, e por todos. Sorri bastante, mas por dentro...
A cerimônia não foi longa, mas tiramos muitas fotos. Sai de lá antes mesmo de acabar. Minha vó foi assistir, e eu sei como é sacrificante pra ela, por isso não deu pra abusar. Levei a Jéssica no ponto e vim pra casa com o pessoal. Em casa a minha comemoração foi pizza, papo e amigos. Fernando veio pra cá, e minhas tias Valéria e Jandira também. No final da noite Fernando acabou dormindo aqui, porque caiu um pé d’agua. Foi bom. Mas eu estava disfarçando muito bem...
Ontem, quinta, fui pra faculdade, depois vim pra casa, fui ao dentista.
E hoje fui a faculdade, passei atarde em casa arrumando algumas coisas e agora a noite fui ao shopping.
Eu só consigo pensar em como esta minha vida agora. Eu não consigo para de recapitular tudo que já passou, e que ainda esta passado. Quando uma coisa muito ruim acontece eu automaticamente de lembro de todas as outras e fico me perguntando o motivo deu estar passando por isso, fico querendo entender. A minha irmã, sem dúvida é a pessoa que mais segura minha onda. Ela me coloca no eixo, ela sabe o que eu tenho que entender e escutar, mesmo sabendo que vai doer. Ela me perguntou se eu acho que só sofre quem merece?! Eu achava que sim, e quando alguém que é bom sofre eu acho injustiça. Tainá me condenou. Disse que eu tenho que me dar conta que não existe melhor maneira de se aprender do que o sofrimento. Não é exatamente bom, mas é eficiente. É verdade. A Tainá sabe das coisas.
Eu não aceito a morte, eu não quero aceitar a morte nunca. E ela já tinha chegado bem perto de mim. Quando meus avós paternos morreram eu já tinha esse pavor das pessoas morrerem, mas o jeito que eu reajo não coincide muito bem com a emergência do que eu sinto. Eu não sei porque. Acho que meu pavor é tanto que eu fico anestesiada.
Nesse momento eu estou MUITO anestesiada, por TUDO, todas as circunstâncias. Mas foi a situação que eu mais reagi, que minha cabeça mais pirou..
Isso é uma coisa que me afasta profundamente da minha fé, me afasta de Deus. Eu questiono quais são os critérios Dele, se Ele tem critério, e porque Ele não da um jeito da gente aprender as coisas menos doloroso. Por que?? Só tenho uma certeza. A vida por ser tudo, menos justa.
Bj* e um sorriso


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