segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Algo em mim se agiganta.. deve ser amor


O resumo dos dias tem sido basicamente: Enjôo
Enjôo
Enjôo
Enjôo
Indisposição
Enjôo
Indisposição
Indisposição
E enjôo também

O mundo mágico das grávidas encantadas com todas as coisas lindas ainda não chegou por aqui, pelo menos não com todo esse romantismo que vocês estão acostumados a ver.. eu sinto dor de cabeça, passo mal todos os dias, minha respiração, minha disposição.. tá tudo muito complicado. Só mesmo a maluquisse de ter alguém vivendo dentro de mim é que me faz sorrir, de nervoso.

Deve ser amor mesmo. É sim.

E por falar em amor eu gostaria de compartilhar com vocês uma coisa que aconteceu comigo hoje.. uma coisa que renovou meu coração de esperanças.
Hoje na escola que eu trabalho tivemos um dia de retorno, início do ano letivo. E junto disso a equipe recebeu três novas pessoas, duas professoras e uma coordenadora pedagógica. Todas negras, além disso significar não ser mais a única negra na equipe significou muito mais... pela primeira vez hoje eu não me senti solitária e hostilizada naquele lugar.
Hoje pela primeira vez duas pessoas sentaram ao meu lado na hora do almoço e conversamos durante toda a refeição. Duas pessoas! Conversamos! Elas perguntaram coisas sobre mim e eu sobre elas. A gente trocou histórias e opiniões. Foi fantástico! Salvou o meu dia, e acho que salvará a minha existência naquele grupo. Foi significativo demais pra mim! Nunca ninguém sentou do meu lado por opção na hora do almoço desde que eu comecei a trabalhar lá.
Hoje foi um dia bom por causa dessas mulheres. A coordenadora pedagógica e a professora que chegaram depois de mim e me acolheram.
Escrevo isso chorando, chorando mesmo.. porque a solidão da mulher negra é algo que só a mulher negra dimensiona realmente.  É tão triste, mas tão triste que eu acho que talvez seja até melhor vocês não entenderem mesmo. É amargo e cruel. Vai muito além de relacionamentos afetivos.. é uma coisa que nos acompanha a vida toda. A solidão é o que nos acompanha (!).
E só eu sei o que eu senti hoje quando reconheci pares pela primeira vez naquele ambiente. Praticamente um ano almoçando sozinha, pensando sozinha, lutando sozinha.. nunca fui apresentada formalmente a equipe, nunca! Nunca souberam realmente quem eu sou, qual a minha função, que tipo de profissional eu era antes dali.. nunca. Uma gestão que me tornou invisível de diferentes formas. Assédio mesmo, daqueles de nos calar até o choro. 
Eu adoeci e permaneci assim, sozinha. Até que hoje parece que as coisas estão mudando. E eu sou extremamente grata. Grata as mulheres negras que me cercam, e a todas as mulheres negras no mundo que são companheiras umas das outras.

Bj* e um sorriso

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