terça-feira, 19 de maio de 2020

Uma criança preta!


Estamos vivendo uma pandemia. E por todos os lados ouvimos e repetimos a máxima de "FIQUEM EM CASA".
Ontem um menino preto foi morto dentro de casa. 

o caso do João Pedro mostra como o FIQUE EM CASA não é campanha de proteção a todos. Ficar em casa serve a quem tem o pivilégio de fazer home-office, a quem tem comida na mesa, a quem tem dinheiro para o básico, a quem tem internet para EAD, a quem pode se oferecer dignidade. Como eu tenho.

Ficar em casa para João Pedro significou a morte da maneira mais absurda possível, com seu corpo ferido sendo levado à revelia por uma polícia genocida racista. Na favela, a polícia não respeita quarentena. E  a quarentena não respeita preto. Tampouco o isolamento de um adolescente que está brincando com os primos enquanto espera a pandemia passar. João Pedro, aos 14 anos, no meio de uma crise sanitária global, não morreu de Covid, mas morreu de bala. 

Tiro com alvo certo, coisa que jamais aconteceria nos prédios da zona sul da cidade. Isso serve para que a gente pare com a ilusão de que uma pandemia vai nos tornar pessoas melhores, que vai chegar uma nova era, que a doença é democrática, que as estratégias e políticas públicas servem para todas as pessoas. Parem!
O sangue vai continuar a escorrer, e sobretudo o daqueles cujos lares não são à prova do Estado.

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